26 janeiro, 2012

A dieta na Gota úrica










Na prática clínica reumatológica, a dieta é fundamental para o tratamento dos doentes obesos, seja qual for a sua doença reumática, e importante para o tratamento da gota única, da osteoporose, da artrite reumatóide e de outras doenças inflamatórias crónicas.

Há todavia a ideia generalizada entre o grande público que a dieta é uma medida básica e, por vezes, só por si suficiente para o tratamento de todas as doenças reumáticas, o que é um erro. Na verdade, raro é o doente, sofrendo de artrite crónica, que não fez já uma ou mais dietas sugeridas por familiares, amigos, vizinhos, artigos dos jornais, locutores da rádio, comentadores da televisão, etc, etc. Esta falta de esclarecimento que leva os doentes frequentemente a gastar muito dinheiro em alimentos inúteis, pode ser dramática e até conduzir à morte. Têm estado internados, no hospital onde trabalhamos, doentes com doenças reumáticas graves, em risco de vida, por haverem abandonado os medicamentos que lhes vinham sendo prescritos pelos seus médicos e iniciado um falso tratamento à base de dietas, as mais variadas.

Outro erro comum entre os doentes reumáticos é pensarem que todas as doenças reumáticas são provocadas por um excesso de ácido úrico no sangue, o que os leva a privarem-se de numerosos alimentos, sem qualquer benefício.

A única doença provocada por uma predisposição herdada para a produção aumentada de ácido úrico é a gota.

Conselhos para doentes com Gota

A gota única beneficia, efectivamente, com um dieta pobre em purinas, isto é, em proteínas precursoras do ácido úrico. Os alimentos ricos em purinas, que enumeraremos adiante, podem desencadear um crise aguda de gota como acontece, por exemplo, aquando de uma refeição abundante e/ou rica em carne, em especial de porco, ou de um abuso de álcool. No decurso de uma crise aguda de gota o doente deve fazer refeições ligeiras, preferencialmente à custa de vegetais, frutos e leite. O álcool está formalmente proibido devendo, ao contrário, beber-se grande quantidade de água de modo a eliminarem-se 2 litros por dia de urina e, assim, excretar-se grande quantidade de ácido úrico. Entre as crises devem evitar-se os alimentos ricos em purinas como a carne de porco, a «charcuterie» e o álcool, nomeadamente a cerveja e as bebidas com grande teor alcoólico como a aguardente, o whisky, o gin, o vinho do Porto e da Madeira, o champanhe, os licores, etc. Pode permitir-se a ingestão de um copo de vinho a cada refeição. Outros alimentos muito ricos em purinas como a carne de caça, os mariscos, as vísceras de animais (rins, figado, coração), os miolos e as conservas (sardinhas, anchovas, etc.) devem ser evitados. A carne magra, as gorduras, o café, o chá e o chocolate deverão ser consumidos com moderação. No regime dietético destes doentes deve incluir-se a ingestão de 2 a 3 litros diários de água com poucos sais minerais, como por exemplo a água do Luso, ou se não houver contra-indicação médica, uma água ligeiramente alcalina, como a água de Vidago. A água, como já dissemos, contribui para diluir e eliminar o ácido úrico. A água alcalina transforma a urina ácida em urina alcalina, o que é muito importante visto o ácido úrico poder precipitar-se na urina ácida e formar cálculos renais, isto é, pedras nos rins. Os doentes gotosos têm quase sempre peso a mais, contribuindo a obesidade para o aumento do ácido úrico no sangue.  Nenhum doente gotoso está bem tratado se estiver obeso.

Ref: DOENÇAS REUMATICAS-A dieta,A osteoartrose,As férias,A cirurgia.Queiroz,Mário Viana de

1 comentário:

  1. Deixei de ser obeso e continuo com um grande problema de crises de gota. Como normalmente, faço exercício físico praticamente todos os dias, deixei de beber cerveja e vinho verde, mas não adianta nada porque, volta e meia, lá está o dedão do pé inchado e uma semana de chinelo no pé.
    Peço desculpa pelo desabafo.

    Luís Cunha

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