21 maio, 2013

Compreender a dor em menos de 5 minutos...

Um video engraçado e simples sobre a dor, em particular a dor crónica, que é uma consequência de muitos factores tornando-se na própria doença. Dá umas pistas para uma abordagem multifatorial e explica de forma engraçada alguns mecanismos que fazem perpetuar a própria dor, mesmo depois dos tecidos lesados estarem recuperados.



05 março, 2013

Hérnia e Prolapso Discal- Tratamento de Osteopatia.



Antes de descrever o que são as hérnias ou prolapsos do disco intervertebral (tecido cartilaginoso entre as vértebras) vou, em termos gerais, falar sobre o processo degenerativo do disco. O disco é composto por um núcleo pulposo e um anel fibroso que servem para absorver as pressões a que as articulações intervertebrais estão sujeitas. As fissuras e rupturas do disco podem ter início na adolescência e são mais comuns com o avançar da idade. O núcleo fica mais pequeno, menos volumoso, devido a alterações da matriz do colagénio, consequentemente, a altura do disco pode diminuir e os seus círculos externos deformarem-se, o que aumenta a probabilidade de mais fissuras e prolapsos/ hérnias, pela fragilização das paredes do anel. Qualquer fissura ou ruptura inicia um processo inflamatório, que por sua vez desencadeia a formação de tecido cicatricial e vascular, com formação de osteofitos nas margens do anel fibroso. Normalmente, a redução da altura do disco ocorre em regiões de grande stress mecânico, ie, em regiões da coluna vertebral com alguma instabilidade, regra geral, em segmentos vertebrais com processos degenerativos, ou seja, fibrose e osteofitose ("bicos de papagaio") das articulações e tecidos envolventes.

Consoante os autores encontra-se terminologia diferente no que diz respeito à nomenclatura usada para distinguir as patologias discais. Para o efeito deste texto vou usar uma terminologia que seja clara.

- O núcleo do disco pode dirigir-se para as margens do anel (quando há fissuras no anel interior). Se o anel se deformar externamente chama-se Prolapso discal (2).
- Se as margens do anel exterior romperem designa-se por Hérnia discal, se o material do núcleo se mantiver ligado ao material central restante designa-se por Extrusão (3) e por Sequestro se o material do núcleo se descolar do material central (4).


É muito importante referir que patologias discais existem em sujeitos assintomáticos e que uma patologia discal  mesmo diagnosticada por exame complementar, tem de ser enquadrada no quadro clínico, ie, nos sinais e sintomas do paciente, uma vez que as causas para as dores podem ser muitas e  simultâneas. Um processo degenerativo articular, pode simular um problema discal. Uma patologia discal pode dar dor local ou dor referida à nádega e coxa, sem comprimir uma raíz nervosa. Uma hérnia discal pode dar sintomas e sinais bilaterais dependendo do tamanho. As patologias em nervos periféricos podem ser semelhantes às de raízes nervosas, por isto, o Osteopata tem de conhecer muito bem a anatomia, de fazer um exame neurológico objectivo e compreender a complexidade das patologias do sistema nervoso periférico e músculo-esqulético.

Tipicamente as hérnias e prolapsos ocorrem entre os 30 e 50 anos e são menos frequentes com o aumento da idade, ao contrário, as degenerações do disco ocorrem em idades avançadas, afectando mais as articulações e tecidos moles.

É comum nas hérnias/ prolapsos, a dor ser maior de manhã e ao fim do dia, agravar ao sentar, dobrar o tronco, tossir/ espirrar e existir alívio em posições horizontais ou passados minutos depois de iniciar a marcha ou de sentar. O início normalmente é repentino e pode ser associado a um movimento de flexão e rotação do tronco ( quando o disco está mais vulnerável). Se ocorrer compressão de uma raíz nervosa, podem verificar-se os seguintes sinais e sintomas neurológicos: parestesias no território do nervo ( dormência e formigueiro), diminuição da força dos músculos inervados, dor na região sensitiva do nervo (normalmente à distância), diminuição do reflexo tendinoso, perda de massa muscular ( em casos prolongados).

O tratamento Osteopático é tão complexo quanto o diagnóstico. Reforço o facto de que um Osteopata com formação, sabe distinguir quais são as estruturas que causam dor, faz um rigoroso exame clínico e um diagnóstico diferencial. Consoante o seu raciocínio clínico assim se aplica o tratamento. Nunca esquecer que o Osteopata aborda o doente como um todo e que procura mais do que as regiões localizadas de dor. O pensamento Osteopático é sempre o de procurar a causa primeira de disfunção. Na generalidade, o Osteopata recorre a várias técnicas promovendo o aumento da função das estruturas lesadas e das estruturas que contribuem para o quadro doloroso, melhorando o fluxo de nutrientes, o vascular e o nervoso e estimulando o processo de regeneração e reequilíbrio. Algumas técnicas poderão ter contra-indicações absolutas ou relativas, consoante os autores, mas visam, no essencial, restaurar a mobilidade de pontos-chave, aliviar a pressão sobre a raiz, promover a drenagem de resíduos e diminuir o quadro sintomatológico. Em casos crónicos, ou mesmo sub-agudos, o Osteopata recomenda exercícios específicos, dá conselhos sobre postura e ergonomia. Em períodos agudos o tratamento pode ser complementado com analgésicos e anti-inflamatórios. Pese embora, os resultados positivos do tratamento Osteopático em patologias discais (algumas até com indicação cirúrgica), a verdade é que ninguém consegue garantir uma taxa de sucesso de 100%. O tratamento depende e varia do tipo de patologia, do tipo de actividade, da idade, entre outros factores. Em alguns casos a cirurgia e o tratamento farmacológico são os mais indicados.

28 fevereiro, 2013

Tamiflu- 4 anos depois...

Embora olhe para algumas 'teorias da conspiração' com algum fascínio e em algumas delas encontra-se a verdade dos factos e a natureza das coisas, não aponto o dedo de imediato ou abro a boca de espanto quando surge uma nova teoria. Tento investigar primeiro. Foi o que fiz hoje e partilho convosco. Saiu uma notícia sobre o Tamiflu, o medicamento usado para controlar a possível pandemia do vírus H1N1 em 2009.

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Diário de Notícias- 2011

Dá conta hoje o Correio da Manhã que o Tamiflu - o medicamento contra a gripe das aves - apodrece em armazém. Foi mais um negócio secreto que custou 22,6 milhões de euros.
Portugal gastou milhões em remédio para gripe. Terão sido usadas apenas 64 mil doses da reserva. A validade, segundo o Correio da Manhã, expira em 2014. E o Ministério da Saúde esconde detalhes do contrato com o laboratório do Tamiflu e não diz qual o destino após a perda de validade.



Pois bem, resolvi fazer umas pesquisas. De facto não percebi qual foi o negócio secreto dos 22,6 milhões, mas também não comprei o Correio da Manhã, mas percebi estes factos: Desde o principio da década de 2000 que a Hoffman-la Roche trabalha numa vacina para o vírus H1N1 e as vende por todo o mundo, de facto, as vendas de 2008 do tamiflu cairam 2% comparativamente com o ano anterior, como mostra esta notícia, ( http://www.rcmpharma.com/actualidade/arquivo/roche-volume-de-negocios-cai-com-tamiflu)

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'Roche: volume de negócios cai com Tamiflu®

22/10/2008 - 09:16

A Roche declarou na passada terça-feira que o volume de negócios do grupo nos primeiros nove meses do ano registou uma queda de 2%, em comparação com o mesmo período do ano passado. A farmacêutica aponta a diminuição das vendas da vacina Tamiflu® como a razão para a queda, noticia o jornal OJE.Foram diversos os países que criaram reservas deste fármaco, utilizado contra a gripe das aves, até ao ano passado, devido ao risco de ocorrência de uma pandemia.Assim, as receitas da farmacêutica suíça caíram para 21,8 mil milhões de euros. No mesmo período do ano anterior, as receitas registadas tinham atingido os 22,2 mil milhões.Durante os primeiros nove meses de 2008, todas as áreas de negócio da Roche registaram quebras nas vendas, excepto a Divisão de Diagnóstico, que registou um crescimento de 4%.As maiores fontes de receitas da Roche vêm da Divisão Farmacêutica e da Roche Pharmaceuticals.Com estes resultados, a Roche manteve as previsões para este ano fiscal, durante o qual as vendas deverão registar uma subida inferior a 10%.A farmacêutica avançou ainda que mantém o objectivo de adquirir os 44% que não detém na norte-americana Genetech, para impulsionar as vendas'
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mas em 2009, o ano seguinte à 'queda', o ano da suposta pandemia, as vendas aumentam 2 mil milhões de francos, em relação ao ano homónimo, conforme os objectivos da empresa.

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Key figures in millions of CHF
Six months ended 30 June% change% changeAs % of
sales
As % of
sales
20092008In CHFIn LC120092008
Sales24,00622,004+9+10
Operating profit before exceptional items7,9707,041+13+2033.232
Operating free cash flow6,7784,806+41+5228.221.8
Net income4,0515,732-2916.926
Net income attributable to Roche shareholders (before exceptional items)5,2134,713+11
Core Earnings per share (CHF)6.325.75+10+20
1 LC= local currencies

Outlook substantially raised

  • Full-year 2009 sales in both divisions expected to grow well ahead of market.
  • Double-digit Core EPS growth expected in 2009 and 2010 (at constant exchange rates).
  • Group will use strong operating free cash flow to repay net debt; expects to repay 25% of debt by end of 2010 and to return to a positive net cash position by 2015.
  • Continuation of dividend guidance.

Pharmaceuticals Division growth twice as fast as market

  • Pharma sales grow 11% in local currencies (11% in Swiss francs) — twice the global market rate — driven by leading oncology medications, Tamiflu (influenza), Pegasys (hepatitis) and Lucentis (ophthalmology).
  • Operating profit (before exceptional items) up 19% in local currencies and 13% in Swiss francs.
  • Sales of Tamiflu account for four percentage points of Pharma sales growth; total Tamiflu production capacity (including third-party manufacturers) to be expanded to 400 million packs annually by start of 2010.
  • Avastin receives accelerated approval in the US for the treatment of glioblastoma, the most aggressive form of brain tumour.
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Agora surge esta notícia no correio da manhã, o que certamente não espanta muita gente, mas a verdade é que já há 2 anos, no Canadá, como noticiado na CBC ( http://www.cbc.ca/news/health/story/2011/05/22/tamiflu-documentary-conflict.html), uma agência de saúde pública e peritos independentes anunciaram que as recomendações da farmacêutica foram largamente exageradas e ( o mais grave) põem em dúvida a eficácia da vacina: 

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A CBC documentary, which was broadcast on The National on Monday night, reports that certain other researchers in Canada, Italy, Britain and the U.S. are now challenging the claims by Roche that Tamiflu can significantly reduce complications or hospitalizations due to the flu.
The documentary also raises concerns about possible side effects surrounding the drug — strange behaviours and psychiatric delusions — that some countries, Japan in particular, have reported.
Using freedom of information requests, the investigation found hundreds of similar cases in Canada and the U.S., which were reported to health authorities but have not been made public.

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Nas minhas pesquisas descobri sites com declarações de peritos, que afirmam que a vacina é eficaz apenas em 1% dos infectados. Num estudo patrocionado pela Alfred P. Sloan, uma empresa filantrópica, afirma que a eficácia é de 69%:

Lancet Journals

Efficacy and effectiveness of influenza vaccines: a systematic review and meta-analysis

Prof Michael T Osterholm PhD a , Nicholas S Kelley PhD a, Prof Alfred Sommer MD b, Edward A Belongia MD

Summary
 

Background

No published meta-analyses have assessed efficacy and effectiveness of licensed influenza vaccines in the USA with sensitive and highly specific diagnostic tests to confirm influenza.

Findings

We screened 5707 articles and identified 31 eligible studies (17 randomised controlled trials and 14 observational studies). Efficacy of TIV was shown in eight (67%) of the 12 seasons analysed in ten randomised controlled trials (pooled efficacy 59% [95% CI 51—67] in adults aged 18—65 years). No such trials met inclusion criteria for children aged 2—17 years or adults aged 65 years or older. Efficacy of LAIV was shown in nine (75%) of the 12 seasons analysed in ten randomised controlled trials (pooled efficacy 83% [69—91]) in children aged 6 months to 7 years. No such trials met inclusion criteria for children aged 8—17 years. Vaccine effectiveness was variable for seasonal influenza: six (35%) of 17 analyses in nine studies showed significant protection against medically attended influenza in the outpatient or inpatient setting. Median monovalent pandemic H1N1 vaccine effectiveness in five observational studies was 69% (range 60—93). 

Interpretation

Influenza vaccines can provide moderate protection against virologically confirmed influenza, but such protection is greatly reduced or absent in some seasons. Evidence for protection in adults aged 65 years or older is lacking. LAIVs consistently show highest efficacy in young children (aged 6 months to 7 years). New vaccines with improved clinical efficacy and effectiveness are needed to further reduce influenza-related morbidity and mortality. 
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A Alfred P. Sloan, juntamente com a Rockefeller, são 2 das grandes empresas filantrópicas que subsidiam estudos científicos em quase todas as áreas da ciência e tecnologia. A Roche é uma das beneficiadas com esses fundos para pesquisas de vacinas, entre outros.

O que quero dizer depois disto tudo? Eu tive supostamente a gripe das aves. Tomei Benuron e fiquei uma semana em casa. Parte dos especialistas dizem que é fundamental a vacinação contra a gripe comum nas populações de risco. Contra o vírus H1N1 o anti-viral aconselhado é o Tamiflu. Bem, os efeitos secundários possíveis são muitos ( náusea, vómitos, diarreia, tonturas, dores abdominais, bronquite, tosse, vertigem, etc.) e será que salva mesmo vidas? Ou é um esquema para as grandes farmacêuticas e empresas fazerem dinheiro? O meu primeiro impulso sempre foi e há-de ser confiar na natureza humana, mas estou na dúvida quanto às vantagens de países gastarem milhões de euros em vacinas para agora estarem armazenadas, com a data a expirar, para além da dúvida se a maioria das pessoas pode beneficiar com esta vacinação. Antes de qualquer vacinação deve prevenir e promover a sua saúde estimulando o sistema imunitário. Como? Com suplementos de vitamina D e C. Evitando o açúcar. Comendo mais alho, cebola e frutos vermelhos. Tome zinco, probióticos e equinácia. Evite o stress. Durma bem. Procure andar bem consigo, entender e resolver quaisquer conflitos interiores. Encontrando-se, fazendo o que gosta.

Boas leituras!!!

21 fevereiro, 2013

Gil Hedley: Fascia and stretching: The Fuzz Speech


Gil Hedley, Ph.D., fala da importância das fáscias e da importância do movimento/ alongamentos na manutenção das propriedades elásticas e fléxiveis dos tecidos.

19 fevereiro, 2013

Capsulite adesiva ou "Ombro Congelado"





A região do ombro é formada por articulações sinoviais e  fisiológicas. É a combinação dos movimentos coordenados destas 4 articulações, que permite ao ombro uma amplitude de movimentos maior que qualquer outra articulação do corpo. Destas 4 articulações há uma que permite uma ampla mobilidade e é por isso considerada a mais móvel e menos estável do complexo articular. Tem o nome de articulação gleno-umeral. É a sua forma e a cápsula frouxa e fina que permitem esta amplitude e instabilidade articular.
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A capsulite adesiva ou ombro congelado é dos síndromes dolorosos do ombro, o que mais tem suscitado controvérsias, tanto no diagnóstico como na terapêutica. Isto deve-se à etiologia complexa, confusa, muitas vezes desconhecida e às semelhanças clínicas com outras patologias directa ou indirectamente relacionadas com o ombro. Inclusivamente, Neer (1990/1992) afirma que, por estar associado a várias patologias, o Ombro Congelado deve ser considerado “mais um sintoma do que uma entidade clínica definida”.
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Como referi anteriormente, a Capsulite Adesiva (CA) não é a única causa para a rigidez dolorosa do ombro, esta pode estar presente noutras patologias que afectam as mesmas estruturas do seu complexo mecanismo articular. São elas as bursites subacromiais, as tenossinovites da longa porção do bicípete, a osteoartrose da gleno-umeral, etc. Dito isto, nem sempre o grau de limitação de amplitude articular é suficiente para fazer um diagnóstico correcto de CA.
"A descrição das alterações articulares progressivas da CA em quatro estádios característicos esclarece a evolução do processo. No estágio I chamado pré-adesivo, há reacção inflamatória sinovial; no estágio II, chamado sinovite adesiva aguda, há sinovite proliferativa e início do colabamento das paredes dos recessos articulares e aderências da cápsula na cabeça do úmero; no estágio III, chamado maturação, há regressão da sinovite e franco colabamento do recesso axilar; e no estágio IV, chamado crónico, as aderências estão maduras e, retraídas, restringem fortemente os movimentos da cabeça do úmero em relação à glenóide. Nos estágios II, III e IV os espaços entre as superfícies articulares da cavidade glenóide e a cabeça do úmero, bem como, o espaço entre o bicípete e o úmero estão muito reduzidos." (Ferreira e Filho, CA, p. 566).
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A classificação proposta por Zuckerman et al divide a CA em primária ou idiopática, quando não há causa aparente e secundária, quando se identifica uma possível causa ou há associação com outras patologias (tenossinovite, bursite, patologias do SNC ou SNP, fracturas, patologias cardíacas, pulmonares, diabetes, tiróide, entre outras).
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A grande diversidade de condições clínicas às quais pode estar associada a CA, justifica a controvérsia sobre a etiopatogenia. Neviaser, Simmonds e De Palma afirmam que a fibrose que provoca retracção da cápsula é de origem inflamatória, mas vários estudos indicam que a natureza da lesão que provoca a retracção capsuloligamentar é, ou pode ser, multifactorial. Seja qual for a sua origem, a retracção capsular é o denominador comum da Capsulite Adesiva.
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A CA é uma patologia mais frequente no sexo feminino, na faixa etária dos 40 aos 60 anos, porém, sem preferência para lado e dominância (Ferreira e Filho). A dor, de início insidioso que se agrava rapidamente, é o primeiro sintoma da doença que progride em três fases.
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A primeira fase, chamada aguda ou hiperálgica, tem início insidioso, mas em pouco tempo a dor diuturna no ombro cresce em intensidade, podendo ser acompanhada de fenómenos vasculares como sudorese palmar e axilar. A dor aumenta durante a noite e com frequência perturba o sono. A mobilidade do ombro é muito dolorosa e os movimentos de abdução, de rotação interna e externa rapidamente perdem sua amplitude. Esta fase pode durar entre 2 a 6 meses (Reeves, Ferreira e Filho).
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A segunda fase é chamada de enrijecimento ou congelamento. A dor diminui de intensidade, deixa de ser contínua, mas persiste à noite e à tentativa de mobilização do ombro que se apresenta rígido e com bloqueio da abdução e das rotações interna e externa. Esta fase pode durar 12 meses (Reeves).
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A terceira fase, ou de descongelamento, é caracterizada pela libertação progressiva dos movimentos e pode levar vários meses, entre 9 a 24. "É a restauração da elasticidade
cápsulo-ligamentar perdida que, em muitos casos, pode acontecer de forma espontânea. Entretanto, a completa recuperação da mobilidade do ombro é de difícil previsão porque a intensa fibrose capsular pode não ser completamente reversível na CA de longa duração". (Ferreira e Filho).
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O Tratamento Conservador engloba fisioterapia, anti-inflamatórios, bloqueios anestésicos do nervo supra-espinal, manipulação sob anestesia ou cirurgia.
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A Osteopatia tem muito para oferecer na melhoria desta sintomatologia tão complexa. O tratamento clínico osteopático aborda a patologia de uma forma holística, actuando nos vários sistemas que indirecta ou directamente estão envolvidos. A recuperação dos pacientes pode em alguns casos ser diminuída para 3 a 6 meses e para isso o Osteopata utiliza uma série de técnicas manuais que podem permitir uma recuperação mais rápida que a convencional. Porém, deixo a ressalva que a recuperação é muito subjectiva, podendo ser frustrante tanto para o paciente como para o Osteopata.
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O tratamento engloba:
Mobilizações articulares, tracções axiais permitindo informações neurológicas através dos mecanoreceptores, activando o gate-control, retorno venoso/ linfático e quebra de aderências, técnicas para  tecidos moles e respectivas fáscias de toda a região periférica.. Na fase adequada são também prescritos exercícios passivos, activos/ assistidos ou activos (na fase de "Descongelamento").
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Importa referir novamente, que cada caso tem uma evolução diferente, uma condição clínica específica e por isso prognósticos diferentes, dependendo do estado da patologia e acima de tudo de um diagnóstico clínico correcto. Relembro que o Osteopata vê o paciente como um todo e procura um raciocínio que relaciona todas as partes do corpo humano contribuintes para os sintomas. Até agora, o meu melhor resultado foi a resolução de um ' ombro congelado' em 15 tratamentos.

25 janeiro, 2013

Dicas para uma boa noite de sono


O sono é um dos pilares da saúde e para a maioria dos adultos uma boa noite de sono anda entre as 6h e 8h. Durante o sono são produzidas hormonas como a melatonina, serotonina e hormona do crescimento, indispensáveis para um sistema imunitário forte com acções anti-oxidantes, por exemplo. Então, os distúrbios do sono podem ter como consequência um sistema imunitário deficiente, perdas de memória e de raciocínio, diminuição da resistência física e aumentar a propensão para doenças cardíacas, gastrointestinais, endócrinas, psicológicas, ou seja, por outras palavras um sono não reparador contribui para uma maior probabilidade da doença física e emocional, para além de reduzir as defesas orgânicas.

Quem não sofreu já ou periódicamente tem insónias?

Deixo umas dicas que acho úteis.

Como melhorar o seu sono?
  • Durma em escuridão total ou o mais escuro que conseguir. O mínimo de luz pode acordá-lo (a) e interromper o seu relógio interno e ritmo natural de sono. A luz de candeeiros ou aparelhos eléctricos é captada pelo nervo óptico e envia mensagens ao encéfalo para despertar e entrar em acção.
  • Elimine os campos eléctro-magnéticos do seu quarto. Aparelhos como o telémovel, alarmes, e televisões produzem energia quando estão ligados, contribuindo para um descanso pouco profundo o que pode diminuir ou interromper a tão importante produção de hormonal.
  • Mantenha uma temperatura agradável no quarto. 20º a 22º é o ideal.
  • Não tenha relógios perto de si se forem luminosos. A última coisa que quer é o cérebro preocupado e atento às horas que passam.
  • A sua cama é para dormir. Evite trabalhar ou ver televisão na cama, porque será mais difícil relaxar quando for o momento. O quarto e a cama são o seu santuário do sono.
  • Considere dormir em quartos separados, caso o seu parceiro (a) ressone ou tenha um sono irrequieto interrompendo o seu próprio sono.
  • Vá à casa de banho imediatamente antes de se deitar.
  • Evite beber líquidos até 2h antes de se deitar.
  • Evite comer um snack antes de ir para a cama, especialmente os açucarados, pois fazem subir o nível de açúcar no sangue e impedem-no (a) de adormecer, para além de que quando os níveis de açúcar baixarem vão acordá-lo (a) e privá-lo (a) de uma boa noite de sono.
  • Coma uma refeição altamente proteica algumas horas antes de se deitar uma vez que estimula a produção de hormonas.
  • Estabeleça uma rotina. Deite-se sempre à mesma hora (idealmente seria poucas horas depois do pôr do sol, mas tendo em conta a vida moderna, entre as 22h e 24h); Não altere o seu padrão e rotina de sono ( é difícil regular o ritmo outra vez); Faça actividades relaxantes antes de se deitar, como um banho quente (não era isso que pensava que ia ler eu sei:))
  • Não trabalhe ou veja TV pelo menos 1h antes de se deitar. São actividades demasiado estimulantes o que não ajuda se quiser adormecer rápido e relaxado (a).
Evite estimulantes como o café, alcóol, tabaco, drogas, alimentos que lhe causem desconforto e faça exercício físico regularmente.  

15 janeiro, 2013

Alterações Posturais em Crianças que Praticam Ballet Clássico Entre 8 e 12 Anos de Idade




Na prática Osteopática damos relevo às alterações posturais que podem ter uma relação disfuncional-sintomática no quadro clínico do paciente. Com frequência na investigação destas relações biomecânicas encontro um padrão de escoliose ( desvio lateral da coluna vertebral) + hiperlordose ( aumento da curvatura lombar) + pé cavo ( aumento da curvatura interna do pé). Um bom exemplo deste padrão ( falando no desporto) são os ex praticantes de ballet. Por isto escolhi este estudo, embora a amostra não seja grande, que vinca precisamente a relação do ballet com as alterações posturais. Deixo um sinal de atenção aos pais que devem estar atentos, em particular nas idades dos 8 aos 14, a alterações da postura como a escoliose, que quanto mais cedo diagnosticada mais cedo se pode intervir. O síndrome de Osgood- Shatler (inflamação e dor na região da rótula/joelho) é frequente nestas idades e está tb associado a alterações mecânicas do membro inferior e ao exercício físico. O trabalho do Osteopata é importante e a complementaridade com outras disciplinas é a chave de um bom acompanhamento clínico. A mobilização dos segmentos disfuncionais com o tratamento osteopático, a avaliação da biomecânica do pé e prescrição de ortóteses plantares (suportes correctivos) pela podologia, educação e reeducação postural com a fisioterapia e a supervisão desportiva pelo profissional de saúde física é um dos caminhos interdisciplinares de sucesso.


Excerto do estudo ( em Português do Brasil)

" RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi identificar alterações posturais em 24 crianças praticantes de ballet clássico, entre 8 e 12 anos de idade, matriculadas em uma academia de ballet clássico de Florianópolis/SC. A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma avaliação postural realizada nas dependências da academia, onde foram avaliadas 100% das crianças matriculadas que se enquadrassem no perfil da pesquisa. Para a avaliação foi utilizado um simetrógrafo, uma ficha de avaliação postural e uma máquina fotográfica. (...) As alterações mais encontradas foram hiperlordose lombar + anteversão pélvica em 18 crianças correspondendo a 75%, escoliose em 14 crianças com 58%, joelho valgo em 16 crianças, 67%, joelho recurvatum em 10 crianças 62,5%, pé cavo e valgo em 18 crianças, também com 75% e os índices de correlação de Pearson encontrados foram de + 0.46 entre joelho recurvatum e pé valgo, +0.43 entre pé cavo e escoliose e +0.43 entre anteversão pélvica e joelho valgo.

Considerações Finais

Baseando-se nos resultados obtidos, pode-se concluir que, todas as 24 crianças avaliadas apresentaram algum desvio postural. As alterações encontradas com maior frequência na maioria das crianças foram a hiperlordose lombar (juntamente com anteversão pélvica) correspondendo a 75%, pé valgo também com
75%, joelho valgo com 67%, pé cavo e calcâneo valgo com 62,5% cada. (...) Após essa análise, surge a hipótese de que o ballet clássico, iniciado antes dos 8 anos, pode vir a prejudicar o padrão postural e o desenvolvimento motor normal das crianças, mas para tornar essa afirmação fidedigna, é necessário fazer
uma análise mais minuciosa, com um acompanhamento durante o desenvolvimento da criança, para assim detectar precisamente alterações e em que fases ela está ocorrendo."


Larissa Guimarães da Cunha ( Monografia de de fim de curso Fisoterapia)

Ralph Fernando Rosas (Professor e Orientador da Pesquisa)

09 janeiro, 2013

Artrite Reumatóide e Osteopatia



A Artrite Reumatóide ( AR) é uma doença poliarticular ( sinovite), simétrica e inflamatória que afecta ambos os sexos, sendo mais frequente em mulheres. Tipicamente afecta a primeira articulação metacarpo-falângica, os pulsos, articulações proximais dos dedos das mãos e pés, mas numa fase tardia pode afectar a cervical ou qualquer articulação envolvida por uma membrana sinovial. Apesar de ser uma doença que afecta sobretudo as sinoviais, as manifestações sistémicas ( noutros órgãos) estão presentes na maioria dos pacientes. Inicia-se geralmente em adultos jovens e mulheres na perimenopausa , afectando indivíduos activos e causando por vezes incapacidade precoce para o trabalho e dependência de terceiros para as actividades de cuidados pessoais. 

A artrite reumatóide pode ser mais ou menos agressiva, dependendo se estão presentes: factores reumatóides séricos, o  HLA DR4, parâmetros inflamatórios (VS, PCR) mais elevados e o IGM positivo.

O tratamento Osteopático não cura e deve ser acompanhado com o tratamento da medicina convencional. Nas fases agudas e sub-agudas o Osteopata deve recomendar um programa de exercícios para melhorar a mobilidade articular ( como o CINDI), bem como usar diversas técnicas indirectas ( algumas técnicas podem ser contra-indicadas em doenças inflamatórias agudas) que permitam o aumento da mobilidade articular e alívio de dor ( que actuam também no sistema nervoso periférico e central), a drenagem de resíduos e o relaxamento dos tecidos peri-articulares ( músculos e fascias), muitas vezes rígidos.
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Uma dieta equilibrada e específica é desejável nos pacientes com AR  (http://osteopatia-aartedotoque.blogspot.com/2007/11/dieta-na-artrite-reumatide_10.html)  e o Osteopata deve dar conselhos básicos sobre nutrição, não substituindo naturalmente o especialista.


Ref: Foundations for Osteopathic Medicine, second edition, AOA; 
Dra. Margarida Cruz, Prof. Dr. Jaime C. Branco, Unidade de Reumatologia, Hospital Egas Moniz.