02 março, 2019

Paralisia de Bell- efeito da neuromobilização

Mobilização do nervo facial, ramo intermédio- fibras parassimpáticas lacrimais. Estas fibras não acompanham as restantes fibras do nervo facial, que são de sensibilidade geral, motoras e parassimpáticas para glândulas salivares e lacrimais, ou seja, não vão para o meato acústico interno/ externo (MAI/ MAE) e ouvido médio. Fazem sim, sinapse no gânglio pterigopalatino, terminando na glândula lacrimal. 

Este é um excelente exemplo de 2 aspetos fundamentais da mobilização do sistema nervoso: 1- tensegridade do tecido conjuntivo nervoso; 2- mecânica intimamente ligada à fisiologia (fisiomecânica).

A mobilização dos ramos faciais pelo meato acústico tem um efeito direto em ramos axonais mais distantes (lacrimais), mesmo tendo trajetos anatómicos diferentes. 

A paciente tem paralisia de Bell (paralisia do nervo facial) direita. Ao fim de alguns segundos de mobilização do MAE pela tração da concha cava e antitragus, notou-se a produção de bastante lágrima ipsilateral (a foto não faz justiça).

Este fenómeno não acontece num nervo saudável, mas em fenómenos de fibrose e mecânossensiblidade aumentada, a tensão visco-elástica é maior, e por isso, uma maior facilidade em criar potenciais de ação ectópicos. Esta é uma evidência clara (embora seja um case study) do efeito da neuromobilização.

Imaginem uma kinesiotape e cortarem uma das extremidades em várias tiras sem nunca as separar da tape (foto). Criar tensão numa só ponta, vai sempre criar tensão (visco- elasticidade) na restante tape.