27 setembro, 2010

Síndrome do Canal ou Túnel Cárpico e Tratamento Osteopático


O síndrome do canal ou túnel cárpico significa uma compressão do nervo mediano ao nivel do canal cárpico, no punho, um canal osteo-fibroso formado pelos ossos do carpo e pelo ligamento transverso do carpo.

O nervo mediano é um nervo misto, isto é, dá informação motora a alguns músculos da eminência tenar e intrínsecos da mão, assim como, informação sensitiva da região palmar da mão, da face palmar dos 3 primeiros dedos e metade do 4º e da face dorsal dos 4 primeiros dedos. Para além do nervo mediano, passam no canal cárpico os tendões dos músculos flexores dos dedos, sendo que as tenossinovites a este nível, no quadro das doenças reumáticas, sejam a causa mais conhecida do síndrome. Estas lesões, das baínhas e cápsulas articulares, são com frequência decorrentes de doenças reumatológicas como o Lúpus, a Gota Úrica e a Artrite Reumatóide, da qual o síndrome do canal cárpico pode ser uma manifestação inicial(as articulações precocemente envolvidas na AR, são as metacarpo-falângicas proximais do 2º e 3º dedos). Para além da doenças reumatológicas como possível causa do síndrome do túnel cárpico, há que incluir outras condições clínicas endócrino-metabólicas, como a diabetes, o hipotiroidismo, a amiloidose, a insuficiência renal, a acromegália e factores vocacionais/traumáticos como a fractura do punho, actividades profissionais/ atléticas com movimentos repetitivos de hiper-extensão, hiper-flexão do punho, exposição ao frio ou vibração e outros. Afecta mais as mulheres entre os 40 e 60 anos de idade, mas no homem os factores traumáticos são mais relevantes.

A clínica inicia-se com dores e parestesias nocturnas, no território do nervo mediano (face palmar da mão e 3 primeiros dedos, com dor na eminência tenar e interfalângicas distais do 2º e 3º dedos e, interfalângica próximal do 1º dedo), sendo por vezes mais difusas com irradiação ascendente (face ventral do antebraço) e associadas a movimentos. Numa fase mais tardia pode haver diminuição da força, principalmente em movimentos de precisão ou pega e posteriormente atrofia muscular. O paciente queixa-se muitas vezes de "sensação de inchaço" nos dedos e dor no pulso.

O exame neurológico é indicador de diagnóstico, tendo o Osteopata que ter um conhecimento profundo de neurofisiologia, anatomia e experiência clínica para o fazer, aliás, como o faz com todos os pacientes com sintomas de neuropatia. Os estudos de electrocondução nervosa sensitiva e a electromiografia são os meios de diagnóstico mais importantes e devem ser feitos se houver suspeita de patologia reumatológica ou se o paciente não responder à terapêutica.

O tratamento Osteopático utiliza técnicas de  abertura do canal cárpico, técnicas neurodinâmicas para o nervo mediano, técnicas miofasciais de todo o membro superior, técnicas que mobilizam a coluna cervical e tecidos adjacentes para permitir um melhor fluxo nervoso do plexo braquial (conjunto de nervos que saem da cervical para o membro superior), técnicas de mobilização da coluna toráxica e costelas para reduzir o fluxo simpático, aumentar o fluxo arterial e reduzir a congestão linfática.

Referências:
Reumatologia Clínica- Mário Viana de Queiroz
Foundations for Osteopathic Medicine, second edition

06 setembro, 2010

Dor Lombar ou Lombalgia

















Não existe uma só causa para as dores lombares, pelo contrário, muitas são as causas possíveis de lombalgia e sintomas a esta associada. Porém, a maioria de dores lombares não tem uma patologia séria como etiologia e melhoram sem intervenção cirúrgica.




Definiu-se que a lombalgia pode ser agrupada em 3 grandes grupos:
  1. Lombalgia não- específica (dor lombar simples).
  2. Por compressão/ irritação de uma raiz nervosa.
  3. Por patologia específica (grau mais sério).
Cada um dos grupos que se segue tem várias subcategorias e dão uma visão geral sobre as causas de dor lombar:

Grupo 1

Lombalgia não-específica

É seguramente o tipo mais frequente de dor lombar e 95% dos pacientes enquadram-se neste grupo.

Sub-categoria

Espasmo muscular lombar, dor mecânica/ postural lombar, distensão muscular lombar, dor lombar simples, causas degenerativa (discartrose, espondiloartrose http://osteopatia-aartedotoque.blogspot.com/2008/10/tratamento-na-osteoartrose.html,  http://osteopatia-aartedotoque.blogspot.com/2008/10/osteoartrose.html) ), síndrome do piriforme, disfunção sacro-ilíaca.

Grupo 2

Compressão/ irritação de uma raiz nervosa

Menos de 5% dos pacientes têm uma verdadeira compressão nervosa. Há muitas outras causas que podem mascarar uma sintomatologia semelhante. Normalmente as compressões ou irritações nervosas são provocadas por protrusões, prolapsos ou hérnias discais. O termo clínico é lomboradiculalgia.

Subcategoria

Prolapsos, protrusões, hérnias discais. Ciatalgia ou "ciática" ( http://osteopatia-aartedotoque.blogspot.com/2011/05/hernia-e-prolapso-discal-tratamento-de.html).

Grupo 3

Patologia específica

Menos de 1% da população tem patologias sérias como causa para as dores lombares. A maioria é tratável e não representa perigo para a vida dos pacientes, embora precisem de um acompanhamento médico especializado.

Subcategoria

Tumores, infecções, fracturas, patologias inflamatórias (ex: espondilite anquilosante), osteoporose, cauda equina, espondilose, espondilolistese, dor lombar por patologia renal.

Os Osteopatas com formação académica adequada são profissionais de saúde preparados para fazer um questionário específico e interpretar os dados clínicos, de modo a despistar uma patologia mais séria, encaminhando-o, se houver necessidade, para um médico da especialidade.

Volto a salientar que a responsabilidade maior do Osteopata é a segurança do paciente que está à sua frente.

Referências:
Waddell, G. (2004) The back pain revolution. 2nd edn. London: Churchill Livingstone; National Institute for Clinical Excellence. Referral advice. A guide to appropriate referral from general to specialist services.2001; Royal College of General Practitioners. Clinical Guidelines for the Management of Acute Low Back Pain.1999.

14 abril, 2010

Dor no Cóccix- Coccidinia e Tratamento Osteopático

O Cóccix é o conjunto de vértebras (3 a 5) que termina a coluna vertebral e se articula com o osso do sacro através da articulação sacro-coccígea, unidos por um disco fibrocartilaginoso e pelos ligamentos sacro-coccígeos anterior, laterais, posterior e intercornais.

O nome Coccidinia significa dor na região do Cóccix, que pode ser de moderada a aguda e que pode ter muitas etiologias (causas) e por isso tratamentos diferentes. Regra geral os sintomas são desencadeados por se sentar em superfícies duras, por movimentos repetitivos (saltar, correr, no caso dos atletas), no movimento de levantar depois de estar sentado muito tempo, nas relações sexuais, sobretudo nas mulheres, e na defecação.

A causa mais frequente é o traumatismo directo sobre um eixo vertical do osso do cóccix ou tecidos adjacentes, (queda, acidente), cirurgia ou luxações por esforços repetitivos (atletas). A Coccidinia é complexa no seu diagnóstico e contexto biomecânico, sedo as mais frequentes causas de dor, a fractura sacro-coccígea, a subluxação do cóccix ou outras disfunções da cintura pélvica e sacro, o que levam à hiper ou hipomobilidade do cóccix.

A Coccidinia é 5 vezes mais frequente nas mulheres (justificado pela anatomia) do que nos homens.

A melhor forma de diagnóstico de subluxação do cóccix é o RX nas posições de pé e sentado.

A articulação sacro-coccígea de facto permite algum movimento (por isso tem ligamentos e um pequeno disco) e não é em fusão como descrito em alguns manuais.

O tratamento Osteopático varia e depende obviamente da causa da disfunção. Em termos gerais, o tratamento engloba técnicas específicas que permitam um relaxamento dos músculos e ligamentos adjacentes, um reequilíbrio do jogo articular da coluna lombar, bacia, coxo-femorais, sacro e cóccix, aconselhamento de exercícios domésticos.

É importante salientar que por vezes o tratamento tem de ser via interna, pelo recto, conforme a posição e restrição do cóccix, mobilizando o cóccix gentilmente numa orientação específica. Esta será uma abordagem que, não obstante os bons resultados, tem de ser consentida e devidamente explicada ao paciente.

Como melhorar a sua postura em 2 minutos...



22 março, 2010

Osteopathic manipulative treatment for low back pain: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials

John C Licciardone (1) , Angela K Brimhall (2) and Linda N King (3)


Abstract

Background


Osteopathic manipulative treatment (OMT) is a distinctive modality commonly used by osteopathic physicians to complement their conventional treatment of musculoskeletal disorders. Previous reviews and meta-analyses of spinal manipulation for low back pain have not specifically addressed OMT and generally have focused on spinal manipulation as an alternative to conventional treatment. The purpose of this study was to assess the efficacy of OMT as a complementary treatment for low back pain.

Methods

Computerized bibliographic searches of MEDLINE, EMBASE, MANTIS, OSTMED, and the Cochrane Central Register of Controlled Trials were supplemented with additional database and manual searches of the literature.
Six trials, involving eight OMT vs control treatment comparisons, were included because they were randomized controlled trials of OMT that involved blinded assessment of low back pain in ambulatory settings. Data on trial methodology, OMT and control treatments, and low back pain outcomes were abstracted by two independent reviewers. Effect sizes were computed using Cohen's d statistic and meta-analysis results were weighted by the inverse variance of individual comparisons. In addition to the overall meta-analysis, stratified meta-analyses were performed according to control treatment, country where the trial was conducted, and duration of follow-up. Sensitivity analyses were performed for both the overall and stratified meta-analyses.

Results

Overall, OMT significantly reduced low back pain (effect size, -0.30; 95% confidence interval, -0.47 – -0.13; P = .001). Stratified analyses demonstrated significant pain reductions in trials of OMT vs active treatment or placebo control and OMT vs no treatment control. There were significant pain reductions with OMT regardless of whether trials were performed in the United Kingdom or the United States. Significant pain reductions were also observed during short-, intermediate-, and long-term follow-up.

Conclusion

OMT ( Osteopathic manipulative treatment) significantly reduces low back pain. The level of pain reduction is greater than expected from placebo effects alone and persists for at least three months. Additional research is warranted to elucidate mechanistically how OMT exerts its effects, to determine if OMT benefits are long lasting, and to assess the cost-effectiveness of OMT as a complementary treatment for low back pain.
-
The electronic version of this article is the complete one and can be found online at: http://www.biomedcentral.com/1471-2474/6/43

Published:
4 August 2005