26 março, 2009

Dores de cabeça ou Cefaleias


As dores de cabeça são as queixas mais frequentes dos pacientes ao Clínico Geral e ao Neurologista. Poucas são as pessoas que nunca tiveram uma cefaleia em determinada altura da vida e embora uma dor severa possa levar o paciente a temer um problema grave, a verdade é que a maioria das cefaleias são de origem benigna. Estima-se que apenas 5% das cefaleias podem esconder uma patologia neurológica com gravidade. Este é um tema vasto e demasiado complexo para o tamanho deste artigo, por isso, pretendo apenas salientar os aspectos importantes e a eficácia de um tratamento Osteopático neste tipo de sintoma.

A Sociedade Internacional de Cefaleia utiliza um sistema de classificação que divide as cefaleias em 13 categorias:
  1. Enxaquecas
  2. Cefaleias Tensionais
  3. Cefaleia em salvas e hemicranianas crónicas
  4. Cefaleias variadas associadas a lesão estrutural
  5. Cefaleias associadas a trauma da cabeça
  6. Cefaleias associadas a disfunções vasculares
  7. Cefaleias associadas a disfunções não vasculares intracranianas
  8. Cefaleias associadas a substâncias ou à sua falta
  9. Cefaleias associadas a infecções não cefálicas
  10. Cefaleias associadas a disfunções metabólicas
  11. Cefaleias ou dores faciais associadas a lesões de estruturas cranianas ou faciais
  12. Neuralgias Cranianas
  13. Cefaleias não classificáveis
Embora esta tabela possa ser útil para estabelecer um diagnóstico clínico do tipo de cefaleia, a verdade é que pode existir uma sobreposição de categorias num determinado paciente. A maioria das cefaleias são uma mistura entre as Enxaquecas e Tipo Tensional. Os sinais clínicos são complicados por uma natureza multifactorial que inclui factores físicos, psicológicos, culturais e étnicos.
Diria que o Osteopata está numa posição única para avaliar a cefaleia do paciente e traçar um plano terapêutico.

A dor das cefaleias pode resultar de estímulos nociceptivos dos olhos, do nariz, dos ouvidos, da boca e cavidades nasais. As estruturas intracranianas sensíveis à dor incluem os seios venosos durais, a dura (particularmente na base do cérebro), os ramos vasculares da pia-aracnóide e dura-mater. Algumas estruturas extra-cranianas são também sensíveis à dor, como a pele, as fascias, os músculos, articulações da região, artérias e periósteo craniano. Uma cefaleia aguda é com frequência resultado de uma disfunção das estruturas referidas.

É imprescindível fazer uma avaliação semiológica rigorosa que inclua exame neurológico e músculo-esquelético, para excluir uma causa sinistra e "red flags" e em caso de suspeita o paciente necessita de fazer um TAC, RM ou uma Angiografia cerebral para despiste. A história clínica tem de incluir também os factores de alívio/agravantes, a duração, a localização, a duração, a história familiar e psico-social.

Enxaquecas

Nas enxaquecas, um controlo neurogénico desordenado da circulação intra-craniana acompanha o surto. O sistema vascular do Núcleo Trigémio transmite dor e promove a inflamação no vaso sanguíneo afectado, via actividade neuro-química da substância P. As artérias cerebrais, meníngeas, basilares e vertebrais podem ser afectados via nervosa pelo trigémio, vago e axónios da cervical alta, uma vez que todos convergem no nucleus caudalis trigeminal do tronco cefálico. A resposta inflamatória está associada à libertação de histamina, serotonina, adenosina e outras.


A enxaqueca é mais frequente nas mulheres, pode começar na infância, adolescência ou idade adulta e é definida como um síndrome benigno e recorrente de cefaleia, náusea, vómito e/ou outros sintomas neurológicos, que pode ou não ser acompanhado de aura, sensibilidade a cheiros e fotofobia.
Os factores precipitantes são vários e destaco as alterações térmicas, ruído, cheiros activos, esforços físicos, stress, dores localizadas, ingestão de alimentos gordos, ciclo menstrual, gravidez, etc.

Cefaleias Tensionais

Embora a Sociedade Internacional de Cefaleia distinga Enxaqueca de Cefaleia Tensional, muitos especialistas acreditam que estão relacionadas. Ambas, podem ser o resultado de disfunções nos mecanismos centrais de dor assim como uma hipersensibilidade neural do Núcleo Trigémio. Estão associadas a dor muscular, alterações electromiográficas e diminuição dos níveis de serotonina. Nas enxaquecas os nocireceptores são vasculares e os estímulos pulsações vasculares. Nas cefaleias tensionais os nocireceptores são miofasciais e os estímulos são contracções musculares. Há clínicos que teorizam sobre um modelo que integra um padrão miogénico, supra-espinal e vascular destas 2 categorias de cefaleias.

Abordarei o tratamento Osteopático das cefaleias neste artigo: http://osteopatia-aartedotoque.blogspot.com/2009/03/tratamento-osteopatico-nas-cefaleias-e.html

Ref: Foundations for Osteopathic Medicine, 2nd; Osteopathy- Models for diagnosis, Treatment and Practice

2 comentários:

  1. Ao Professor Bruno Moreira Campos.

    Gostei muito do seu artigo acerca da cefaléia.Estou pesquisando acerca da Correlação da Articulação Sacroilíaca com a Cefaléia, uma vez que os nossos sistemas estão interligados por uma fáscia,quero comprovar se há alguma relação.Se for possível, envie para mim algum material.
    Ficarei muito grata.

    Me chamo Elisabete,estou cursando o 8ºSemestre de Fisioterapia em Salvador na Bahia-Brasil.
    elizabethfisio@Yahoo
    tfisio2006@gmail.com

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  2. Obrigado Elisabete.

    É claro que há uma relação. Sugiro que procure livros que seguem um verdadeiro raciocínio Osteopático, tal como é ensinado nos EUA ou Inglaterra. Sugiro o "Foundations for Osteopathic Medicine", "Osteopathy- An Osteopathic Approach to Diagnosis and Treatment", "Science in the Art of Osteopathy: Osteopathic Principles and Models", "Osteopathic Medicine: Philosophy e "Principles and Practice".

    Boa pesquisa e se quiser podemos debater o tema.

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