As dores de cabeça são as queixas mais frequentes dos pacientes ao Clínico Geral e ao Neurologista. Poucas são as pessoas que nunca tiveram uma cefaleia em determinada altura da vida e embora uma dor severa possa levar o paciente a temer um problema grave, a verdade é que a maioria das cefaleias são de origem benigna. Estima-se que apenas 5% das cefaleias podem esconder uma patologia neurológica com gravidade. Este é um tema vasto e demasiado complexo para o tamanho deste artigo, por isso, pretendo apenas salientar os aspectos importantes e a eficácia de um tratamento Osteopático neste tipo de sintoma.
A Sociedade Internacional de Cefaleia utiliza um sistema de classificação que divide as cefaleias em 13 categorias:
- Enxaquecas
- Cefaleias Tensionais
- Cefaleia em salvas e hemicranianas crónicas
- Cefaleias variadas associadas a lesão estrutural
- Cefaleias associadas a trauma da cabeça
- Cefaleias associadas a disfunções vasculares
- Cefaleias associadas a disfunções não vasculares intracranianas
- Cefaleias associadas a substâncias ou à sua falta
- Cefaleias associadas a infecções não cefálicas
- Cefaleias associadas a disfunções metabólicas
- Cefaleias ou dores faciais associadas a lesões de estruturas cranianas ou faciais
- Neuralgias Cranianas
- Cefaleias não classificáveis
Diria que o Osteopata está numa posição única para avaliar a cefaleia do paciente e traçar um plano terapêutico.
A dor das cefaleias pode resultar de estímulos nociceptivos dos olhos, do nariz, dos ouvidos, da boca e cavidades nasais. As estruturas intracranianas sensíveis à dor incluem os seios venosos durais, a dura (particularmente na base do cérebro), os ramos vasculares da pia-aracnóide e dura-mater. Algumas estruturas extra-cranianas são também sensíveis à dor, como a pele, as fascias, os músculos, articulações da região, artérias e periósteo craniano. Uma cefaleia aguda é com frequência resultado de uma disfunção das estruturas referidas.
É imprescindível fazer uma avaliação semiológica rigorosa que inclua exame neurológico e músculo-esquelético, para excluir uma causa sinistra e "red flags" e em caso de suspeita o paciente necessita de fazer um TAC, RM ou uma Angiografia cerebral para despiste. A história clínica tem de incluir também os factores de alívio/agravantes, a duração, a localização, a duração, a história familiar e psico-social.
Enxaquecas
Nas enxaquecas, um controlo neurogénico desordenado da circulação intra-craniana acompanha o surto. O sistema vascular do Núcleo Trigémio transmite dor e promove a inflamação no vaso sanguíneo afectado, via actividade neuro-química da substância P. As artérias cerebrais, meníngeas, basilares e vertebrais podem ser afectados via nervosa pelo trigémio, vago e axónios da cervical alta, uma vez que todos convergem no nucleus caudalis trigeminal do tronco cefálico. A resposta inflamatória está associada à libertação de histamina, serotonina, adenosina e outras.
A enxaqueca é mais frequente nas mulheres, pode começar na infância, adolescência ou idade adulta e é definida como um síndrome benigno e recorrente de cefaleia, náusea, vómito e/ou outros sintomas neurológicos, que pode ou não ser acompanhado de aura, sensibilidade a cheiros e fotofobia.
Os factores precipitantes são vários e destaco as alterações térmicas, ruído, cheiros activos, esforços físicos, stress, dores localizadas, ingestão de alimentos gordos, ciclo menstrual, gravidez, etc.
Cefaleias Tensionais
Embora a Sociedade Internacional de Cefaleia distinga Enxaqueca de Cefaleia Tensional, muitos especialistas acreditam que estão relacionadas. Ambas, podem ser o resultado de disfunções nos mecanismos centrais de dor assim como uma hipersensibilidade neural do Núcleo Trigémio. Estão associadas a dor muscular, alterações electromiográficas e diminuição dos níveis de serotonina. Nas enxaquecas os nocireceptores são vasculares e os estímulos pulsações vasculares. Nas cefaleias tensionais os nocireceptores são miofasciais e os estímulos são contracções musculares. Há clínicos que teorizam sobre um modelo que integra um padrão miogénico, supra-espinal e vascular destas 2 categorias de cefaleias.
Abordarei o tratamento Osteopático das cefaleias neste artigo: http://osteopatia-aartedotoque.blogspot.com/2009/03/tratamento-osteopatico-nas-cefaleias-e.html
Ref: Foundations for Osteopathic Medicine, 2nd; Osteopathy- Models for diagnosis, Treatment and Practice
Ao Professor Bruno Moreira Campos.
ResponderEliminarGostei muito do seu artigo acerca da cefaléia.Estou pesquisando acerca da Correlação da Articulação Sacroilíaca com a Cefaléia, uma vez que os nossos sistemas estão interligados por uma fáscia,quero comprovar se há alguma relação.Se for possível, envie para mim algum material.
Ficarei muito grata.
Me chamo Elisabete,estou cursando o 8ºSemestre de Fisioterapia em Salvador na Bahia-Brasil.
elizabethfisio@Yahoo
tfisio2006@gmail.com
Obrigado Elisabete.
ResponderEliminarÉ claro que há uma relação. Sugiro que procure livros que seguem um verdadeiro raciocínio Osteopático, tal como é ensinado nos EUA ou Inglaterra. Sugiro o "Foundations for Osteopathic Medicine", "Osteopathy- An Osteopathic Approach to Diagnosis and Treatment", "Science in the Art of Osteopathy: Osteopathic Principles and Models", "Osteopathic Medicine: Philosophy e "Principles and Practice".
Boa pesquisa e se quiser podemos debater o tema.